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Resposta da equipe do CUCA à missiva da Srª Maria Evans.

Especiais - 18/02/2017

São sempre positivas as iniciativas de acompanhamento e de críticas, quando cabíveis, à gestão dos espaços públicos. Se feita com responsabilidade essa prática não só é um importante exercício de cidadania, como tende ainda a ser um meio estratégico para os próprios dirigentes administrativos perceberem como a sociedade (razão de ser da instituição pública) avalia o trabalho realizado, oportunizando a correção de falhas, a revisão e atualização de metas etc.

Mas este importante exercício só faz sentido quando se baseia em dados reais, em fatos. Caso contrário o gesto não só perde seu propósito, ele pode mesmo vir a fragilizar o funcionamento da instituição que supostamente quer proteger e a sociedade acaba como a grande prejudicada.

No último dia 08, a Srª Maria Evans enviou e-mail a uma extensa lista de pessoas e instituições, com uma mensagem eivada por informações imprecisas, quando não simplesmente inverídicas acerca do CUCA e sua direção, com o claro objetivo de atacar de modo pessoal a figura de sua atual gestora, a Prof.ª Rosa Eugênia Vilas Boas. Ao fazê-lo, porém, a partir de um olhar tão equivocado sobre o CUCA, põe sob suspeita não só a atuação de sua diretora, mas de toda uma equipe técnica. Esta sua fala, além de injusta, pode mesmo vir a promover desinformação entre a comunidade, risco real em tempos em que a internet permite a rápida replicação de informações, nem sempre com o critério e o cuidado necessários.

É exatamente para evitar esse risco que tomamos a iniciativa de esclarecer e corrigir as informações passadas. E o fazemos em respeito especialmente às muitas pessoas e instituições para as quais a mensagem inicial foi também enviada, e que têm o direito de ser corretamente informadas sobre o que de fato vivenciamos no CUCA na atualidade.

Nunca é demais lembrar, antes de qualquer coisa, que o CUCA é parte da UEFS. E a UEFS, como é de amplo conhecimento hoje, tem sido profundamente afetada por drásticas reduções orçamentárias feitas pelo Governo do Estado desde o início do ano de 2015, exatamente quando teve início a atual gestão do Centro de Cultura. Além dos cortes orçamentários, lidamos ainda com uma série de decretos para contingenciamento de despesas que restringem contratações de diversos serviços. Ou seja, temos muito menos recursos hoje, e estes escassos recursos estão limitados ou impedidos de serem ‘gastos’ no suporte às atividades artísticas e culturais que fazem parte do nosso dia-a-dia no CUCA.

Nós, equipe do CUCA, jamais nos acomodamos com a ideia de que “não há o que fazer agora”, mas é inegável que tal realidade impôs restrições severas a alguns dos nossos projetos e ações que dependiam de recursos do orçamento da Universidade. Que fique claro, esses recursos secaram! A Caminhada do Folclore foi a primeira afetada, já em 2015. Naquela ocasião a comoção causada pela notícia do seu cancelamento levou o Deputado José Neto a buscar verba junto à Secretaria de Cultura do Estado. Os recursos obtidos com a SECULT (não eram, portanto, recursos da UEFS), foram menores que o custo usual do evento, e sua efetiva liberação ocorreu quando já não havia tempo hábil para a organização da Caminhada em sua data costumeira, em agosto. Assim a Caminhada teve de ser adiada para outubro e foi realizada com uma estrutura menor, proporcional à verba existente. Em 2016 a situação orçamentária da UEFS ficou ainda mais grave, mas infelizmente não houve outra movimentação política para obtenção de recursos, e sem recursos o evento foi suspenso temporariamente.

            Tratar clara e honestamente dos limites operacionais que enfrentamos hoje com a sociedade e a classe artística resulta de uma postura de respeito e transparência administrativa, jamais de descaso para com a cultura. Mas o mais importante é que mesmo diante destas dificuldades o CUCA não parou. Temos um trabalho sólido e constante com um programa de formação artística e cultural há mais de 20 anos, realizado através de mais de 20 diferentes oficinas, distribuídas em quase 100 turmas, nas áreas de Artes visuais, Música, Teatro e Dança e Atividades Corporais. De fato, a despeito de todas as adversidades enfrentadas a atual direção conseguiu ampliar o número de matrículas nestas oficinas. Para que se tenha uma ideia, foram matriculados 2.949 alunos em 2014, em 2015 passamos a atender 3.126. Em 2016 foram 3.315 e em 2017 a projeção é de mais de 4.000 matrículas.

Outros eventos pontuais e calendarizados foram realizados com o êxito de sempre, como o Bando Anunciador, que teve um público estimado em mais de 10.000 pessoas em 2016, e cresce a cada ano. Realizamos a 10ª edição do Aberto do CUCA, em setembro, com público estimado em 3.000 pessoas. Projetos novos, como o Domingo tem Museu, trouxe mais uma opção de lazer para a cidade em fins de semana, contemplando especialmente o público infantil e contribuindo para o processo de educação cultural das novas gerações. O Museu Regional de Arte, cujo prédio completou 100 anos em 2016, contou com 4 grandes exposições ao longo do ano com um público de aproximadamente 2.420 visitantes. A Galeria Carlo Barbosa, outro espaço privilegiado para as artes visuais situado no CUCA, teve cerca de 1.640 visitantes em suas mostras.

Além destes eventos próprios o CUCA apoiou com suporte logístico e infraestrutura pelo menos outros 18 eventos em parceria, como shows musicais, espetáculos teatrais, espetáculos de dança, festivais, recitais, saraus, lançamentos de livro, dentre outros, que contemplaram um público estimado em 15.000 pessoas. Tudo isso sem despender recursos do orçamento! E nem estão contabilizados aqui as cessões de espaço (a entidades e artistas independentes – sem parceria formal) que fazem com que o CUCA funcione de domingo a domingo, com uma das pautas mais intensas e diversificadas de Feira de Santana, o que faz de nosso espaço uma referência para o suporte à cultura na cidade.

Esses números por si mesmos já dizem muito da falta de pertinência das alegações sobre um CUCA inoperante, ou uma direção desatenta à sua dinâmica e às necessidades culturais de Feira de Santana. Mas mesmo estes números não dizem tudo. Pois além de números, preocupamo-nos permanentemente em manter e aprimorar a qualidade do nosso trabalho. E a reforma no antigo Curso Básico é hoje a maior expressão desse cuidado. Formulado em 1995, o Curso Básico de Musicalização do CUCA tornou-se, de fato, referência de qualidade para quem desejasse obter formação musical em Feira de Santana. Mas 22 anos se passaram desde a construção daquele projeto. A realidade social e educacional mudou. As expectativas em torno no Curso (verificadas inclusive por meio de pesquisas) se transformaram. Novas propostas curriculares e metodologias de ensino foram testadas e aprovadas por outros centros de formação musical, e a administração do CUCA não podia ficar alheia ou acomodada frente a isso. Mesmo porque, a crescente distância entre a concepção do projeto original (apesar de sua inegável qualidade técnica) e as novas (e diferentes) expectativas sociais vinham acarretando uma evasão de quase 60% dos que ingressavam no Curso. Ora, ignorar isso é que seria prova de descaso para com as necessidades culturais da população.

A necessidade de realizar tais ajustes vinha sendo percebida e debatida desde o início da década de 2010, mas não sem cuidado e não de forma apressada. Assim, em 2012 uma comissão foi formada com professores do Seminário de Música e da graduação em Música da UEFS para diagnosticar aspectos a serem ajustados. Esta primeira comissão produziu relatórios que foram retomados em 2016 por uma segunda comissão complementar, igualmente composta por funcionários e docentes do Seminário, bem como por professores da UEFS (especialistas, mestres e doutores), para agora dar forma às mudanças necessárias. O resultado vem como o novo projeto de Cursos Livres de Música do CUCA. Uma proposta com o mesmo status legal, mas em maior sintonia com as expectativas sociais, mais flexível e dinâmica, capaz de atender a um público maior e mais diversificado, sem deixar de oferecer a formação musical que o antigo curso básico proporcionava.

É absolutamente falsa a informação de que o CUCA tenha sido contatado ou muito menos acionado pelo Ministério Público para garantir a conclusão dos alunos do Curso Básico. Tal possibilidade está garantida sim, mas por conta do diálogo que a equipe sempre priorizou com o alunado. Assim que ficou pronta, a nova proposta foi apresentada em cada uma das turmas do Curso, sendo franqueada a todos a possibilidade de migrar para o novo formato ou de concluir no formato atual. Vale salientar que o mesmo cuidado que norteou a elaboração do Curso Básico, há 22 anos, esteve presente na nova proposta. De fato, a Profª Doraneide Tosta, por exemplo, uma das responsáveis pelo projeto do antigo Curso, é hoje a presidente da Comissão que elaborou o novo projeto, e uma das suas maiores entusiastas. A nova proposta na verdade ampliará as possibilidades de formação, contemplando diferentes interesses. Por exemplo, serão três os Cursos Livres: um em nível básico pensado exclusivamente para crianças; um segundo, em nível básico para jovens e adultos e um terceiro, em nível de aprofundamento para jovens e adultos. Cada um deste cursos pode ser feito separadamente, mas também cursados em sequência. E quem optar por fazer os diferentes cursos terá, ao fim, cargas horárias que somadas até superam a do antigo Curso Básico. Não há, portanto, perda alguma na nova proposta, que em breve poderá ser conhecida com mais detalhes na página do CUCA (www.cuca.uefs.br / Nossas ações / Oficinas e Cursos).

Divergências técnicas e pontuais em relação a qualquer nova proposta são naturais e seu debate pode com certeza enriquecer o processo de maturação e aprimoramento do projeto que nasce. Há que se desconfiar, contudo, das falas que pretendem dar voz a ‘todos’ (sem autorização ou consulta a esse todo), como no caso em questão, onde quem ‘denuncia’ sequer é aluna do Seminário de Música ou esteve presente a qualquer das reuniões cujo desfecho pretende relatar com tanta propriedade. O fato é que após as reuniões com os alunos, e conforme estes puderam ser esclarecidos acerca da nova proposta, seus receios naturais com a mudança cederam lugar, para muitos, à segurança de que não serão prejudicados. Para os que, a despeito dos esclarecimentos, ainda preferem o modelo antigo, sua conclusão, como assinalamos, foi respeitosamente assegurada, e está em curso.

Estes são os fatos. Caberá a Profª Rosa Eugênia (que jamais esteve sob o regime de Dedicação Exclusiva – D.E. na UEFS) decidir se adotará ou não as medidas legais cabíveis contra as afirmações caluniosas (o que é crime) acerca de sua condição funcional, o que pode ensejar até mesmo indenização por danos morais.

Já o restante das alegações, meras manifestações de uma visão estreita e preconceituosa, não carecem realmente de esclarecimento, porque são obviamente desprovidas de sentido. Afinal, desde quando a naturalidade feirense passou a ser exigência ou critério para qualquer coisa nesta terra-entroncamento historicamente formada por migrantes e imigrantes? Caso fosse soteropolitana (na verdade ela é uma sertaneja de Vitória da Conquista) por que isso faria da Profª Rosa Eugênia alguém menos capaz de perceber a realidade de Feira? Quando foi mesmo que competência administrativa e sensibilidade artística e cultural passaram a ser determinadas pela geografia?  É evangélica nossa diretora? Sim (Embora não se enquadre em qualquer estereótipo religioso)! Mas e daí? Qual é mesmo a ‘religião certa’ para um diretor(a) do CUCA? Já os tivemos católicos praticantes e não praticantes, exotéricos, etc. Ela, a propósito, não é mais ou menos religiosa que as direções que lhe precederam. Entre a equipe técnica somos também católicos, protestantes, espíritas, candomblecista e até ateus. A isso chamamos diversidade, e ela nos enriquece.

O importante é que em nosso trabalho, todos somos, antes de mais nada, servidores públicos comprometidos com o melhor funcionamento possível do CUCA. O que significa dizer que somos servidores empenhados em prestar o melhor serviço possível à comunidade, ao cidadão. Não somos perfeitos, sabemos, e essa é sempre uma tarefa inacabada, que nos desafia dia a dia a pensar soluções, a superar adversidades, a ouvir, a dialogar. E é sobretudo um trabalho coletivo, como numa orquestra, onde cada parte atua com a especificidade de sua área, mas de forma integrada e harmônica, com um resultado único. Assim é o CUCA, uma direção e seis setores distintos, atuando em sintonia para dar forma ao que é seguramente a mais viva e ativa instituição cultural de Feira de Santana, não por acaso capitaneada por uma maestrina, a Profª Rosa Eugênia Vilas Boas.

Feira de Santana 14 de fevereiro de 2016

Equipe de funcionários do CUCA/UEFS

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