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Sob os olhos do rato, duas canções, Lina e algo ao sol

Poesia - 26/01/2016

os olhinhos que nada diziam

e que tanto espiavam
e que tanto roíam, os do rato,
as tiras do meu caminho azul
iluminado pela lamparina da lina bo bardi

e o titio mick jagger
chorava em beiço-beição sua she’s a rainbow
sob a chuva do piano
sob o granizo dos violinos
a espargir as cores deles e dela pelo horizonte

] have you seen her dressed in blue? [

e uma vergonha em mim meio esconsa
de que, sob a lembrança e o rigor de um joão antimúsica,
estivesse a tecer e a fiar este poema sem galos
e de uma manhã de um nunca acabar

e she's a rainbow enganchada
] she's like a rainbow
coming, colors in the air [
na vitrola, e o ratinho a roer
as longarinas da minha ponte velha

e nós - ele, eu mais a lina e a lamparina
a rebobinar as bordas do caminho.

e não chovia na canção dos stones
como chovia na riders on the storm do the doors

onde não havíamos nem eu
nem meu rato nem um arco-íris no horizonte
nem um assassino na estrada
e nem a lina da lâmpada, lamparina.

restou apenas a legenda assinalando
que o rato rói tudo que sobra ao inconsciente
e
que toda canção doida quer dizer algo ao sol.

Jozailto Lima
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