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Dom Itamar Vian

Direito de todos

24/04/2017

Numa borracharia, junto à Estrada do Mar, é possível ler: “Aquele que é pago, deve trabalhar; aquele que trabalha deve ser pago”. No Brasil, muitos podem ser enquadrados num outro ângulo: há os que ganham sem trabalhar e os que trabalham ganhando muito pouco.

TODOS sabemos que o trabalho, o emprego e a justa remuneração, são necessários para que as pessoas possam sustentar dignamente a si e aos seus dependentes. Sem trabalho, a pessoa vai caminhando diretamente para a miséria e a fome. Sem emprego, também seus direitos sociais, como por exemplo a assistência à saúde, e seu futuro, como aposentadoria, ficam prejudicados.

QUANTAS pessoas hoje são vítimas do desemprego! E quando não há trabalho é a dignidade que corre riscos, porque a falta  de trabalho não permite que levemos o pão para casa nem que nos sintamos dignos de ganhar a vida1. O trabalho não é um dom gentilmente concedido a poucos protegidos; é um direito de todos!

A ATITUDE de pedir emprego, muitas vezes, se assemelha a um pedido de esmola. O pedido é  feito de uma maneira mais ou menos envergonhado como se fosse uma coisa errada, ou se ele tivesse culpa de não estar empregado. Na realidade, ele está exigindo um direito fundamental, o direito de trabalhar.

AO TRABALHO corresponde um salário justo. Justo não quer dizer apenas o “estabelecido pela lei”. É justo quando for suficiente para si e para sua família. Está roubando aquele que não paga um salário justo a seu empregado. Mas o empregado, também rouba, quando não cumpre seu dever em tempo e qualidade.

QUE O DIA 1º de maio seja uma oportunidade de reflexão para assumirmos compromissos em favor do bem comum, sem exceção, mas especialmente de resgate da dignidade dos trabalhadores. Sem trabalho e sem salários justos não há solução duradoura para a situação de milhares de famílias.

SÃO PAULO, estabelece uma lei dura: “Quem não quer trabalhar, também não deve comer” (2 Ts 3,10). São Francisco aponta a preguiça como inimiga do corpo e da alma. O próprio Cristo quis ser um trabalhador manual, passando grande parte de sua vida na oficina de São José. Por intercessão de São José Operário  e de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, invocamos a proteção de Deus sobre os trabalhadores e suas famílias.

 

Dom Itamar Vian

Arcebispo Emérito

di.vianfs@ig.com.br

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