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Sandro Penelú

Caneta Afiada

01/10/2019

Muitos anos depois...

 

Geninho deixava-se abraçar pelos raios mornos do final daquela tarde de janeiro, caminhando lentamente rumo à galeria onde se aninhavam diversas lojas de roupas, sapatos, eletrodomésticos, discos, farmácias, etc. Isabele, fazia exatos dez anos, era na sua mente apenas frenéticas e intensas recordações dos quase mil e quinhentos dias passados juntos, tal qual estrelas na mesma constelação.

Genivaldo Luz, nos seus trinta anos incompletos, por muitas vezes olhou no espelho de si mesmo e quase incrédulo podia constatar que nunca houvera jamais amado tanto a alguém como àquela criatura magra, esguia, de pele morena e olhos que mais pareciam dois sóis cor de amêndoa.

Desde aquela sexta-feira, uma década se passara e de lá para cá se contentava com o ato de beijar o seu sorriso no papel, adormecendo tantas vezes com a sua imagem colada ao peito. E por uma década, nunca se separaram, vivendo a metafísica do sonho, mais concreta que a mais concreta das realidades...

O rapaz dirigiu-se ao primeiro piso, com destino à loja de discos.

Em algum lugar do mundo, alguém disse ou escreveu que o destino é um moleque travesso e nós... Bem, deixa pra lá, sigamos com a narrativa.

Geninho viu, logo na terceira loja à esquerda, uma silhueta que, e isso tinha certeza, jamais deixaria de reconhecer, mesmo que passasse todas as décadas do mundo. O coração, ou sei lá o quê, empurrava-o para aquele estabelecimento e quanto mais se aproximava, mais alguma coisa meio estranha, meio gostosa, ia acontecendo dentro de si.

Sim, era ela! No esplendor dos seus vinte e sete anos de idade, Isabele era a mesma menina adolescente de uma década atrás. O rapaz sentiu faltar-lhe palavras e atitudes, exatamente como no dia em que a conhecera. Num esforço sobre-humano, esboçou um controle emocional que ele mesmo duvidava conseguir.

Adentrou finalmente a loja. Mas foi a própria Isabele quem primeiro quebrou o silêncio eterno de segundos que se fez entre ambos. Ela estava incrivelmente graciosa, numa linda e pequena saia marrom, blusa amarela, os mesmos belíssimos cabelos soltos e cacheados de sempre e uma sandália também marrom, completando aquela figura encantadora e sedutora que Genivaldo jamais esquecera.

Quando Isabele sorriu, chamando-lhe pelo nome, Geninho precisou apertar fortemente as mãos para não se atirar ali mesmo em seus braços, num ataque de loucura e quebra da lógica, desaguando tudo o que permanecia represado em seu peito havia longos anos...

O rapaz todos os dias vai ao primeiroandar da galeria. Isabele, hoje, mais madura, mais inteligente, mais mulher... continua a mesma adolescente que arrebatou o seu coração para as terras da paixão e o seu beijo continua a se confundir com a infinitude dos sonhos e a insanidade dos desejos.

 

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            *O EXEMPLO DO TREMENDÃO – O Bahia de Feira segue mostrando que futebol deve ser feito com seriedade e profissionalismo. A estrutura do time não fica atrás dos grandes do futebol brasileiro. Nas divisões de base, dezenas de garotos integram as diversas categorias, com todo o suporte necessário para desenvolver o seu potencial e se tornar um craque no futuro. Parabéns, mais uma vez ao professor Jodilton Souza.

Sandro Penelú